quarta-feira, 11 de junho de 2008

Campanha negativa




A campanha negativa é uma das técnicas utilizadas pelo marketing político. Nas campanhas negativas um candidato realça os defeitos do adversário ao invés de apresentar o seu programa eleitoral e enaltecer as suas próprias qualidades. É um tipo de campanha política que se caracteriza pela preocupação excessiva de um candidato em expor os pontos fracos do oponente na praça pública. Recorrentes no Brasil e EUA onde têm muito peso nas decisões de voto. Em Portugal não têm tradição. As campanhas partidárias portuguesas enfatizavam as qualidades do candidato, valorizavam as propostas apresentadas e a qualidade das mesmas sem o candidato alimentar guerras paralelas com o adversário (campanha positiva). Isto era assim até ao episódio ocorrido nas eleições legislativas de 2005 que colocaram José Sócrates e Santana Lopes num frente a frente .




A campanha de Santana Lopes, marcadamente negativa, deu a conhecer aos portugueses a face negativa de uma campanha político-partidária. Tudo começou quando um blogue brasileiro lançou o rumor de que José Sócrates e um actor português mantinham um caso às escondidas. A opinião pública teve conhecimento e a campanha de Santana Lopes, não só tomou conhecimento, como adoptou-o e amplificou-o (comício do "gosto de estar no meio de mulheres")

De repente, um rumor passou a ser assunto político e assistimos pela primeira vez no país a uma campanha de âmbito negativo. Na população colocou-se a questão de ter um primeiro-ministro homossexual. O rescaldo da campanha para Santana Lopes revelou-se desastroso. A pergunta impõe-se, estarão os portugueses dispostos a discutir a política para além da política?

Da campanha negativa extraio algumas características que penso serem regra neste tipo de campanha:


-> Um candidato tira proveito de um rumor que pode afectar a imagem do adversário

-> Candidato abdica do espaço próprio para usar negativamente a imagem do adversário


-> Insinuações permanentes ou o chamado “dizer mal” com assuntos privados a serem discutidos na praça pública


-> Pressupõe ataques pessoais ou por via de cartazes (acusação implícita)


-> Presença forte do domínio pessoal no contexto da campanha política



O mais recente caso de campanha negativa teve lugar nas últimas eleições democráticas dos Estados Unidos da América. Obama acusou a adversária, Hillary Clinton, de promover uma campanha negativa.

No outro partido:









imagem retirada da edição nº 778 da revista Visão.



Ligações:

http://dn.sapo.pt/2005/02/07/opiniao/novidades.html

http://causa-nossa.blogspot.com/2005_01_01_archive.html

("Nojeira", o ataque de Vital Moreira a Santana Lopes, demonstra a má recepção da campanha negativa por terras lusas)


Enquadramento do tema na série “Os Homens do Presidente”:

A campanha para escolha do próximo presidente americano ganha contornos negativos. Uma peça a favor do aborto, onde figura o candidato Santos, aparece nos noticiários televisivos. Leo teme que a posição de Santos cause mossa nas intenções de voto. A história ameaça crescer, a equipa de assessores defende o candidato afirmando que a peça é uma distorção e a declaração de Santos aparece fora de contexto. A questão do aborto ataca os dois lados. Santos que aparece como defensor do aborto e Vinnick que também apresenta uma posição favorável mas que não quer comentar publicamente nada para dessa forma não atrair atenções e beneficiar o adversário político. A organização “aliança das mulheres” quer falar com Vinnick. Leo sugere que Santos se reúna com a aliança e discuta sobre a liberdade de escolha feminina. Santos tem mãos um discurso que considera o aborto uma tragédia e que devia ser mais raro do que é, no fundo, existir limites à prática.
Neste episódio, destaco ainda as acusações finais dos candidatos que exemplificam perfeitamente a campanha negativa.
Questionado por Santos acerca da manobra do aborto, Vinnick responde:
- “Eu não tive nada a ver com o anúncio”

Ao que Santos riposta:
- “Não? Foi o seu exército!”


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