quarta-feira, 11 de junho de 2008

Novamente a comunicação de crise


“Um defeito habitual do homem é não prever a tempestade em tempos de bonança”

Maquiavel


Uma crise prepara-se . Como já foi abordado no primeiro semestre, perante uma crise existem duas formas de reagir:

-> Com verdade e transparência. A crise deve ser encarada como uma oportunidade para a entidade enaltecer algo de positivo enquanto os holofotes estão em cima dela. Quando acontece, evitam-se os lamentos e delineia-se uma estratégia para extrair da situação algo de positivo.


-> Desviando atenções. Aqui se não vale tudo, vale quase tudo. O objectivo final é sempre o mesmo, pôr as pessoas a olhar para outro lado. O desvio pode acontecer criando manobras de bastidores, como vimos anteriormente, consistem em manipular a realidade. Desacreditando o mensageiro, como fez José Sócrates com o jornal “O Público”. O primeiro-ministro criou suspeitas sobre as intenções do mensageiro, instalou a dúvida e deixou o jornal com pouco espaço de manobra para qualquer notícia negativa. Ao se colocar em dúvida as intenções do mensageiro, a mensagem veiculada perde credibilidade.


No livro “Da Gestão de Crise ao Marketing de Crise”, Joaquim Martins Lampreia explica que algumas das habituais questões colocadas pelos jornalistas podem ser aproveitadas para preparar uma crise. Duas questões a título de exemplo:







Enquadramento do tema na série “Os Homens do Presidente”:

No 21º episódio da 2ª temporada ocorre uma sucessão de acontecimentos inconvenientes. Paira a ameaça de que a doença de Bartlett tornar-se-á pública. A equipa de assessores prepara uma estratégia de comunicação eficaz. Sam sugere, “tenho uma doença. Escondi-a, peço desculpa.”.
Para controlar a mensagem, os assessores prevêem as perguntas que a imprensa não resiste em colocar. Todos concordam, o presidente não pode hesitar a responder e terá de manter uma postura firme.
Neste mesmo episódio, Sam prepara a mulher do presidente para esta dar uma entrevista num canal de televisão. Na cave (evitar o corpo de imprensa acomodado na entrada da Casa Branca) faz de entrevistador enquanto que a mulher do presidente responde, sendo avaliada e corrigida por Sam. Já na primeira temporada, mais concretamente no 12º episódio, o presidente ensaia um discurso preparado pela equipa sobre a doença. Suspeitas apontam que a história da esclerose múltipla tornar-se-á publica através de um site de Internet. CJ quer-se antecipar à notícia e falar com a imprensa no dia seguinte de manhã. Como um mal nunca vem só, também Leo é preparado com possíveis perguntas dos jornalistas feitas pelos assessores. Leo dá uma conferência, na qual confessa-se em recuperação do vício que o atormentou numa particular fase da sua vida. Lê um comunicado em que lamenta os danos causados aos próximos. Ao alinhar na transparência e honestidade, Leo esvaziou o assunto.

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